Espécie Chave
Uma espécie-chave é aquela que afeta
muitos outros organismos em um ecossistema e ajudam a determinar os tipos e
números de várias outras espécies em uma comunidade. Ela desempenha um papel
crítico na manutenção da estrutura de uma comunidade ecológica. O
relacionamento da espécie chave com a cadeia trófica é de forte interação.
Alterações na população da espécie chave se propagam ao longo da cadeia
alimentar determinando grandes mudanças e alterando a composição de uma
determinada comunidade biológica. As espécies chave podem estar em qualquer
nível trófico, não necessariamente no topo da cadeia alimentar.
“É importante salientar que todas
as espécies exercem sua importância em uma comunidade e a influenciam em graus
diferentes, mas algumas são mais influentes que outras. O que torna o conceito
claro é o reconhecimento de que um distúrbio numa população de alto grau de
influencia causa efeitos diretos e indiretos em outras populações alterando a
estrutura da comunidade. Na prática, o conceito e a identificação de
espécies-chave têm papel significativo na conservação, pois mudanças na sua
riqueza trazem consequências para outras espécies. A retirada de uma espécie de
uma comunidade pode ser um importante meio para se estudar e revelar as atividades
de uma teia alimentar”.
Existe até formulas propostas
para definir o quão importante uma determinada espécie é para comunidade, porém
o mais importante que o fator teórico e acadêmico é perceber em campo que
espécie desempenha um papel preponderante na composição de certa comunidade que
alteração em sua população pode desestruturar drasticamente a comunidade. Não é
um trabalho fácil devido as intricadas redes ecológicas. Tais espécies podem
ser raras, especialistas, generalistas ou comuns. Difícil tarefa!
“O uso do termo cresceu desde que
foi criado, o que levou alguns autores a indagarem se tem algum valor. Outros
sugeriram uma definição mais estrita, isso faz com que exemplos comuns sejam
desligados do conceito, como dominantes ecológicos em níveis tróficos baixos,
onde uma espécie pode oferecer o recurso dos quais várias outras espécies
dependem. Em resposta, Mills, 1993 e um grupo de ecologistas denominado
“Keystone Cops”, propuseram a primeira definição operacional para
espécies-chave, baseada na biomassa proporcional de espécies em relação a sua
importância na comunidade. De acordo com o Keystone Cops, uma espécie
trapezóide é uma espécie cujos efeitos nos ecossistemas é muito grande se
relacioná-los a sua baixa biomassa. Não existe consenso entre pesquisadores
sobre o conceito de espécies-chave.
Como exemplo de espécie-chave,
temos o estudo de Redford (1984) analisou Cornitermes
culuman, uma espécie de cupim do
Cerrado, que pode ser considerada espécie-chave devido a sua grande abundância
e impacto no ambiente. Esses insetos direcionam para si uma proporção
considerável do fluxo de energia e têm a capacidade de digerir celulose,
atingindo biomassa elevada e ao mesmo tempo servindo de alimento para um grande
número de organismos, além de arejar melhor o solo, com seus túneis, e
movimentar verticalmente a estrutura do solo. Os cupinzeiros servem de abrigo a
uma fauna diversa, incluindo artrópodes, vertebrados e outros grupos. Os seus
ninhos velhos servem de substrato para o desenvolvimento de várias plantas.
Outro exemplo do bioma cerrado
“são as representantes de Malpighiaceae, como Byrsonima intermedia são
consideradas fontes de óleo floral para guilda de abelhas coletoras de óleo,
principalmente dos grupos Centridini (Centris e Epicharis), Tapinotaspidini
(e.g., Monoeca, Paratetrapedia) e Tetrapediini (e.g., Tetrapedia) (Apidae não
corbiculados). As abelhas do grupo Centridini têm papel importante como
polinizadores de numerosas espécies vegetais e correspondem ao grupo mais
diversificado de abelhas coletoras de óleo nas florestas neotropicais e
Cerrado, especialmente de espécies de Malpighiaceae. Dessa forma, espécies
neotropicais de Malpighiaceae são recursos-chave para a manutenção e
sobrevivência das abelhas coletoras de óleo, sendo um exemplo de produtor
primário como espécie-chave. O atraso e, ou redução na floração da espécie
Byrsonima crassifólia, descrito por Vilas Boas, promoveu declínio de abelhas
Centris e Epicharis. Tendo em vista a manutenção de processos ecológicos como a
polinização, fundamentais para a conservação dos ecossistemas naturais, em
especial o cerrado”.
Exemplos de espécies chaves são
fartos na literatura principalmente nos climas temperados que possuem cadeias
menos complexas que os climas equatoriais e tropicais.
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