quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Aranhas




Aranhas.


No Brasil a criação de aranhas caranguejeiras é proibida, ao contrario do continente Europeu e EUA onde a criação é livre. Assustadoras para alguns é um animal admirado por muitos outros no qual me incluo. As aranhas caranguejeiras na maioria das espécies são dóceis e vivem bem em cativeiro, chegando a se reproduzir em terrários bem cuidados. Seu veneno é pouco tóxico ao homem com exceção quando há reações alérgicas.
Embora possam ser treinadas a ingerir alimento morto às aranhas são caçadoras e o ideal é alimentá-las com seres vivos como: besouros, baratas, pererecas e até filhotes de ratos.
Ao contrário de outras aranhas, as caranguejeiras não constroem teias com o objetivo de capturar as suas presas. Os fios ficam no chão ou ao redor das tocas e servem como um guia para avisá-las sobre potenciais intrusos ou presas.

Porque um texto sobre aranhas? É que existem centenas de espécies de tarântulas encontradas na maior parte do mundo tropical, regiões subtropicais e áridas, estes aracnídeos são coloridos e de grande diversidade. E o motivo principal: Gosto deles. Simples assim! O melhor mesmo é ver as imagens para conhecer mais um pouco sobre estes animais espetaculares.



TARÂNTULA-AZUL-DE-SINGAPURA
A Lampropelma violaceopes, é uma linda espécie asiática arborícola (vive em árvores) encontrada na Malásia e Singapura. Chega a medir 25 cm entre de distância entre as pontas das pernas e são populares como animais de estimação devido sua coloração.

TARÂNTULA-AUSTRALIANA
A Selenocosmia crassipes é também conhecida como Tarântula australiana ou ainda Caranguejeira Apitando Ladrando - nomes esses, dados por sua origem australiana, mais especificamente de Queensland, e pelos sons produzidos por ela friccionando suas teias e seus órgãos sensoriais dianteiros. Geralmente elas emitem esses sons quando se sentem ameaçadas. Seu corpo é grande e pesado, sua cor varia entre chocolate e o marrom.


TARÂNTULA-VENEZUELANA-DE-PERNAS-AZUIS
Pode não parecer nesta imagem, mas esta tarântula (Holothele tachira) possui uma coloração azul muito marcante em suas pernas. Ela é nativa da Venezuela e encontrada comumente em cativeiro por admiradores de aranhas.

TARÂNTULA-DE-DEDOS-ROSA
A Avicularia avicularia é uma espécie de Tarântula e leva esse nome porque as pontas de suas patas tem a coloração rosa. Originária do norte da América do Sul, da Costa Rica ao Brasil.

TARÂNTULA "GREEBOTTLE BLUE CARESHEET"
A Chromatopelma cyaneopubescens ocorre na região nordeste da Venezuela e é considerada uma espécie geralmente dócil em relação à criação das mesmas em cativeiro.

TARÂNTULA-DE-QUELÍCERA-AZUL
Esta espécie (Ephebopus cyanognathus) ocorre na Guiana Francesa, Brasil e Suriname. Possui cerca de 13 centímetros e se alimenta de aves, pequenos mamíferos, crustáceos e diversos invertebrados. Esta da imagem é uma fêmea, pois as quelíceras dos machos são avermelhadas.

TARÂNTULA-VERMELHA-DE-LISTRAS-BRANCAS
Esta espécie (Nhandu chromatus) é nativa do Brasil. Pode ter até 17 centímetros de envergadura e seu abdome pode ter uma coloração bem avermelhada ou ainda mais castanha. Ela tem fama de ser bastante defensiva utilizando seus pelos urticantes para afugentar qualquer possível ameaça!

Nome científico: Theraphosa Blondi
Nome comum: Goliath Bird Eater
Considerada a maior aranha do mundo, como o próprio nome diz, originaria da região amazônica do Brasil, Guiana, Suriname e Venezuela. Pode se alimentar de pequenos pássaros, roedores, lagartos, sapos, bem como de outras aranhas. É muito conhecida no meio de criadores. Chegam facilmente a 25 centímetros, sendo que existem relatos de animais com até 40 cm. Seus pêlos abdominais são extremamente irritantes e sua picada pode causar fortes náuseas. Esta espécie só deve ser manipulada por pessoas com experiência, pois ela tem um comportamento agressivo com veneno ativo no homem. Pode viver até os 10 anos.
 
Nome científico: Grammostola pulchra
Nome cumum: Brazilian Black, caranguejeira negra brasileira.
Este animal é muito recomendado para criadores principiantes, apesar de muito robusta. É originária da região Norte do Brasil. Infelizmente não existem exemplares à venda no Brasil, pois sua comercialização é proibida. Seu comportamento é pouco agressivo e dificilmente libera pêlos sendo por isso as melhores para iniciantes.

Nome científico: Lasiodora parahybana
Nome comum: Brazilian Salmon Pink ,caranguejeira rosa brasileira
Esta é uma das maiores do Brasil sua origem é o nordeste brasileiro. Seu comportamento é agressivo e não deve ser manipulada, chega a viver de 12 à 15 anos. Se alimenta de grilos, gafanhotos, baratas, etc. Esta espécie é uma das maiores aranhas do mundo.

Nome científico: Hysterocrates gigas
Nome comum: Cameron Red Baboon
Esta espécie de origem africana prefere clima de alta umidade. Podem chegar até 25 cm, e gostam de ficar em suas tocas durante todo o dia, somente saindo para caçar a noite. Seu comportamento agressivo não permite o manuseio com facilidade.

Nome científico: Ceratogyrus sp.
Nome comum: Cranial Horned Baboon
Espécie originária das savanas africanas. Seu tamanho varia de 9 a 13 centímetros, esta espécie prefere se esconder sob pedras e cascas de árvores do que ficar em buracos. É uma espécie extremamente agressiva dificultando seu manuseio.

Nome científico: Poecilotheria regalis
Nome comum: Indian Ornamental
Apesar de ter um nome simpático é uma espécie muito venenosa, muito agressiva e uma das mais rápidas da natureza. Provavelmente é a tarântula mais perigosa distribuída entre os criadores, e uma picada da Indian Ornamental implicará, seguramente, em internação hospitalar, pois seu veneno é ativo no homem. Sua criação somente deve ser feita por profissionais qualificados.


Nome científico: Brachypelma emilia
Nome comum: Mexican FireLeg, caranguejeira de pernas de fogo
Esta é uma das mais belas na natureza, originária do México. Por ser extremamente bela houve muita captura destes animais na natureza que foram classificadas em perigo de extinção. Sua reprodução é difícil de ser obtida em cativeiro, mas hoje algumas aranhas podem ser encontradas nos Estados Unidos e Europa advindas de criadores particulares. É uma espécie pouco agressiva sendo de fácil manejo, mas somente deve ser manipulada por criador qualificado.

Nome científico: Brachypelma smith
Nome comum: Mexican Red Knee
A caranguejeira Mexican Red Knee, é a mais usada como animal de estimação em todo o mundo. Sua beleza inigualável junto a pouca agressividade, leva esta espécie entre todas as tarântulas, a ser a campeã entre todas as tarântulas comercializadas. É originária do México, aonde se adaptou a substituição de seu habitat natural pelas plantações de banana daquela região. São também muito utilizadas como atrizes coadjuvantes em grandes cenas filmes de terror. Esta espécie foram tão capturadas na natureza, que acabaram por receber a classificação de ameaçada de extinção. Felizmente sua reprodução em cativeiro é abundante e hoje esta espécie esta fora desta classificação.

Nome científico: Grammostola spathulata
Nome comum: Rose Hair, tarântula rosa chilena.
É chamada de Rose Hair por possuir pêlos avermelhados É também um animal muito recomendado para criadores iniciantes. É uma das aranhas mais comercializadas e criadas em cativeiro em todo o mundo. Consegue reproduzir-se em terrários pequenos, e é muito resistente. Originária do Chile tem um comportamento pouco agressivo e raramente libera pêlos. Sua longevidade é de até 10 anos. Têm um temperamento calmo de fácil manuseio, pois não tem o costume de picar. Alimenta-se de grilos, baratas, gafanhotos e até mesmo neonatos de camundongo.


 
Nome científico: Avicularia versicolor
Nome comum: Antilles Pink Toe
Originária das Antilhas. Mede cerca de 10 centímetros e tem uma longevidade de 5 a 10 anos. Seu temperamento é calmo, sendo manuseada com facilidade, sem que venha a estressar o animal. Alimenta-se de baratas, grilos e gafanhotos.
Nome científico: Hysterocrates hercules
Nome popular: Hercules Tarantula, African Goliath Tarantula.
Originária da África Chega medir até 25 centímetros e viver até 10 anos Seu temperamento é agressivo de difícil manuseio, pois pica com facilidade. Sua dieta inclui baratas, grilos, gafanhotos e eventualmente um neonato de camundongo.

Nome científico: Ephebopus murinus
Nome popular: Skeleton tarantula.
Originária do norte do Brasil e Guiana Francesa medem cerca de 13 centímetros. Sua longevidade não ultrapassa os 10 anos. Seu temperamento é agressivo, não devendo ser manipulada, pois pica e solta pêlos com facilidade. Alimenta-se de grilos e gafanhotos.

Nome científico: Avicularia metalica
Nome popular: Tarântula de botas.
Sua origem vem do Brasil, Guiana e Suriname, mede cerca de 12 centímetros e sua longevidade é de 5 a 10 anos. Tem um temperamento calmo. Sua dieta inclui grilos, baratas e gafanhotos. Esta é uma das mais bonitas espécies de tarântulas, fácil de cuidar, se adapta bem ao cativeiro, costuma ser calma ao ser manuseada sendo uma boa opção para criadores iniciantes. Esta espécie possui hábitos arbóreos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Transgênicos

Transgênicos




Recebi de meu amigo por internet o discurso do britânico Mark Lynas. O discurso surpreendentemente pede desculpas pela sua militância contra os transgênicos. Em resumo um ambientalista de carteirinha fazendo um “mea-culpa”.
Lógico que com tantas abobrinhas da internet, realizei uma pesquisa a respeito de “Mark Lynas”. E não é que o cara existe tem até vídeo. Seu discurso na conferência esta traduzido em muitas línguas e disponível em vários domínios da internet. Não é uma farsa daquele tipo que recebemos nas correntes afirmando que o renomado “Dr Frank” formado na universidade de Oxford, com “ trocentos pós doctors” descobriu que o ar causa a morte dos seres vivos, afinal tudo que respira morre.
Mark Lynas tem uma frase em seu famoso discurso que é a chave para o mundo melhor. Perguntando-se o que o fez mudar sua opinião: - “Eu descobri a ciência, e nesse processo, espero ter me tornado um ambientalista melhor”.
Se fizermos uma pesquisa simples sobre os transgênicos uma resposta imediata vai ser percebida. As entidades de pesquisa e ensino (universidades e empresas de pesquisa) já apresentam novas gerações de transgênicos aqueles que possibilitaram a produção em clima mais quente e outras tantas vantagens, já as entidades ambientalistas continuam na mesma e “velha opinião formada sobre tudo”.
Para conseguir contornar as previsões catastróficas para a agricultura, devido o aquecimento global a saída mais lógica e de resultados mais promissores é a manipulação genética das plantas. Com transgênicos de espécies resistentes a temperaturas mais altas e com raízes mais profundas, a situação já se torna mais confortável. A EMBRAPA já se adianta nessas pesquisas com resultados bastante satisfatórios.
Há também de se lembrar das importantes pesquisas com organismos transgênicos como cobaias e insetos e o o enorme ganho na produção de conhecimento científico e criação de remédios para doenças que afligem a população.
O discurso de Mark Lynas refuta outros mitos como o uso do glifosato na agricultura e a produção orgânica de alimentos. Afirma ser mais “provável você ser atingido por um asteroide do que ser prejudicado por alimentos transgênicos”.
Sei que essa opinião da qual compartilho trás o preconceito daqueles que traduzem uma informação não científica para uma ideologia a ser seguida. Funciona sempre assim: quanto menos se conhece, mais se criam duvidas. Então o melhor é conhecer antes de qualquer conclusão. Seria mais que aconselhável que se fizesse a leitura de todo o discurso de Mark Lynas e desse uma conferida nos últimos estudos científicos.
links:
www.marklynas.org         
http://de-avanzada.blogspot.com.br/2013/01/discurso-de-mark-lynas-en-conferencia.html

Ainda que o texto seja bastante longo ai vai a versão em português (Vale a pena chegar ao final):

16/01
No dia 3 de janeiro, durante uma conferência agrícola em Oxford, no Reino Unido, o ativista ambiental britânico Mark Lynas* surpreendeu a plateia ao abrir sua apresentação pedindo desculpas por ter participado, na década de 1990, de campanhas contra os transgênicos. O depoimento de Lynas esclarece muitas questões sobre a importância da biotecnologia agrícola, tanto do ponto de vista da preservação ambiental quanto da necessidade do aumento na produção de alimentos para uma população crescente. O ambientalista também faz um alerta sobre os riscos que avaliações baseadas em mitos e posicionamentos políticos, sem embasamento científico, podem trazer para a sociedade. A íntegra da palestra de Lynas e o vídeo estão disponíveis no site www.marklynas.org. Abaixo você confere a tradução para o português.

Palestra de Mark Lynas na Conferência Agrícola de Oxford (Reino Unido), em 3 de janeiro de 2013

Eu gostaria de começar pedindo desculpas. Para constar, aqui e agora, peço desculpas por ter passado vários anos destruindo lavouras transgênicas. Lamento também ter ajudado a iniciar o movimento contra os transgênicos em meados de 1990, e, assim, ajudado na demonização de uma opção tecnológica importante que pode ser usada para beneficiar o meio ambiente.

Como ambientalista e alguém que acredita que todos no mundo têm o direito a uma alimentação saudável e nutritiva de sua escolha, eu não poderia ter escolhido um caminho mais contraproducente. Hoje me arrependo completamente.

Assim, acho que vocês devem estar pensando: o que aconteceu entre 1995 e agora que me fez não somente mudar de opinião, mas vir aqui e admitir isso? Bem, a resposta é bem simples: eu descobri a ciência, e, nesse processo, espero ter me tornado um ambientalista melhor.

Quando eu ouvi falar pela primeira vez sobre a soja transgênica da Monsanto, eu sabia exatamente o que pensar. Ali estava uma grande corporação americana com um histórico ruim, colocando algo novo e experimental em nossa comida sem nos dizer nada. A mistura de genes entre espécies parecia ser a coisa mais antinatural possível – lá estava a humanidade adquirindo poder tecnológico demais; algo estava prestes a dar errado. Esses genes se espalhariam, como uma espécie de poluição viva. Parecia coisa de pesadelo.

Esses medos se espalharam feito fogo em palha seca e, em poucos anos os transgênicos foram praticamente banidos na Europa, e nossas preocupações foram exportadas por ONGs como Greenpeace e Amigos da Terra para a África, Índia e para o restante da Ásia, onde os transgênicos são proibidos até hoje. Foi a campanha mais bem sucedida da qual eu já participei.

Esse também foi explicitamente um movimento contra a ciência. Utilizamos um monte de imagens sobre cientistas em seus laboratórios tagarelando de forma demoníaca enquanto mexiam com a construção de blocos de vida. Daí o rótulo de comida Frankenstein – isso estava ligado a medos profundos do uso secreto de conhecimentos científicos para fins não naturais. O que nós não percebemos na época era que o verdadeiro monstro Frankenstein não era a tecnologia transgênica, mas nossa reação contra ela.

Para mim, esse ambientalismo anticientífico tornou-se cada vez mais inconsistente com o meu ambientalismo pró-ciência em relação às mudanças climáticas. Publiquei meu primeiro livro sobre o aquecimento global em 2004, e eu estava determinado a torná-lo cientificamente verossímil, e não uma coleção de relatos curiosos.

Portanto, tive que dar evidências sobre a história da minha viagem para o Alasca com dados de satélite sobre o gelo do mar, e tive que justificar as minhas fotos do desaparecimento de geleiras nos Andes com registros de longo prazo do equilíbrio em massa dos glaciares de montanha. Para isso, tive que aprender a ler artigos científicos, entender as estatísticas básicas e me alfabetizar em vários campos, desde oceanografia a paleoclimatologia, e em nada me ajudaram os meus diplomas em política e história moderna.

Eu me via discutindo frequentemente com pessoas que eu considerava incorrigivelmente contra a ciência porque elas não ouviam os climatologistas e negavam a realidade científica sobre as mudanças climáticas. Então, ensinei a eles o valor da revisão de pares, a importância de um consenso científico e como os únicos fatos que importavam eram aqueles publicados nos mais distintos periódicos acadêmicos.

O meu segundo livro sobre o clima, Six Degrees (Seis Graus), tinha um cunho tão científico que cheguei a ganhar o prêmio para livros científicos da Royal Society, e os cientistas do clima com os quais acabei travando amizade brincavam dizendo que eu sabia mais sobre o assunto do que eles próprios. E mesmo assim, surpreendentemente, naquela época, em 2008, continuava arrumando arenga no jornal The Guardian atacando a ciência dos transgênicos – mesmo não tendo feito qualquer pesquisa acadêmica sobre o assunto e tendo um entendimento pessoal muito limitado. Acho que até então nunca havia lido um artigo revisado por pares sobre biotecnologia ou sobre ciência das plantas.

Obviamente, a contradição era insustentável. O que realmente me abalou foram alguns dos comentários feitos sobre meu último artigo no The Guardian contra os transgênicos. Em particular, um crítico disse para mim: então você se opõe aos transgênicos baseado no fato de que são comercializados por grandes empresas. Você também se opõe à roda por ela ser comercializada por grandes empresas de automóveis?

Então eu li sobre o assunto. E descobri que, uma a uma, minhas crenças mais arraigadas sobre os transgênicos tornaram-se não mais que lendas urbanas sobre o meio ambiente.

Eu acreditava que os transgênicos aumentariam o uso de produtos químicos. Descobri que o algodão e o milho resistentes a pragas necessitavam de uma quantidade menor de inseticidas.

Eu acreditava que os transgênicos beneficiavam apenas as grandes empresas. Descobri que bilhões de dólares, na forma de benefícios, foram obtidos pelos agricultores, que necessitavam de menos insumos.

Eu acreditava que a tecnologia Terminator estava tirando dos agricultores o seu direito de salvar sementes. Descobri que os híbridos já haviam feito isso há muito tempo, e que a Terminator nunca chegou a ser implantada.

Eu acreditava que ninguém queria os transgênicos. Na realidade, o que aconteceu foi que o algodão Bt foi pirateado para dentro da Índia e a soja Roundup Ready para o Brasil porque os agricultores estavam ansiosos para utilizá-los.

Eu acreditava que os transgênicos eram perigosos. Descobri que eles eram mais seguros e mais precisos do que o melhoramento convencional usando mutagênese, por exemplo; os transgênicos modificam apenas poucos genes, ao passo que o melhoramento convencional “bagunça” todo o genoma com base na tentativa e erro.

Mas o que dizer a respeito da mistura de genes entre espécies não relacionadas? O peixe e o tomate? Acabou-se descobrindo que os vírus fazem isso todo o tempo, da mesma forma que as plantas e os insetos, e até mesmo nós – isso é chamado de fluxo gênico.

Mas isso tudo estava apenas no começo. Então, no meu terceiro livro, The God Species, joguei fora toda a ortodoxia ambientalista do início e tentei olhar para o quadro geral em uma escala planetária.

E esse é o desafio que enfrentamos hoje: teremos que alimentar 9,5 bilhões de pessoas – que com sorte serão menos pobres até 2050 – com basicamente a mesma área de terra que temos hoje, com uso limitado de fertilizantes, água e defensivos agrícolas em um contexto de rápida mudança climática.

Vamos investigar um pouco mais a respeito disso. Em uma palestra feita nesta conferência há alguns anos, discutiu-se o tema do crescimento populacional. Esta área também está cercada de mitos. As pessoas acham que os altos índices de fertilidade dos países em desenvolvimento são o assunto mais importante – em outras palavras, as pessoas pobres estariam tendo muitos filhos e, consequentemente, precisaríamos de planejamento familiar, ou de algo mais drástico, como políticas de massa de restrição a apenas um filho por casal.

A realidade é que a taxa média de fertilidade global caiu para apenas 2,5 – e se considerarmos que a taxa de substituição natural é de 2,2, este número não fica muito acima disso. Então, de onde vem o crescimento populacional massivo? Vem do declínio da mortalidade infantil – mais jovens hoje em dia estão crescendo e tendo seus próprios filhos, e não morrendo de doenças passíveis de prevenção no início da infância.

O rápido declínio das taxas de mortalidade infantil é uma das melhores notícias da nossa década, e o centro dessa grande história de sucesso é a África Subsaariana. Não é que haja uma legião de novas crianças vindo ao mundo – na realidade, nas palavras de Hans Rosling, já atingimos um “pico de crianças”. Ou seja, cerca de 2 bilhões de crianças estão vivas hoje, e esse número nunca será maior devido ao declínio de fertilidade.

Mas muito mais crianças desses 2 bilhões sobreviverão até a idade adulta e terão seus próprios filhos. Eles serão os pais dos jovens adultos de 2050. Essa é a fonte da projeção de 9,5 bilhões de pessoas para 2050. Não é necessário ter perdido um filho, Deus nos livre, ou ser pai, para saber que o declínio da mortalidade infantil é uma coisa boa.

Sendo assim, de quanta comida todas essas pessoas precisarão? De acordo com as últimas projeções, publicadas no ano passado nos Procedimentos da Academia Nacional de Ciências, estamos presenciando um aumento da demanda global de mais de 100% até a metade do século. Isso se resume basicamente ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), especialmente nos países desenvolvidos.

Em outras palavras, precisamos produzir mais alimentos não apenas para manter a população, mas porque a pobreza está gradualmente sendo erradicada, assim como a desnutrição, que ainda hoje representa cerca de 800 milhões de pessoas indo para cama com fome todas as noites. E eu desafio qualquer pessoa de um país rico a dizer que este crescimento do PIB nos países pobres não é uma coisa boa.

Mas como resultado desse crescimento, temos desafios ambientais muito sérios para resolver. A conversão de terras é uma grande fonte de gases de efeito estufa, e talvez a maior fonte de perda de biodiversidade. Eis outra razão para a intensificação ser primordial – temos que cultivar mais em áreas limitadas de terra para poder poupar as florestas tropicais e manter os habitantes naturais longe do arado.

Também temos que lidar com a limitação de água – não apenas os aquíferos que estão se exaurindo, mas também as secas que são esperadas com maior intensidade nos centros de produção agrícola, graças às mudanças climáticas. Se retirarmos mais água dos rios, aceleramos a perda de biodiversidade nestes habitantes frágeis.

Também temos que melhorar o uso de nitrogênio: o fertilizante artificial é essencial para alimentar a humanidade, mas seu uso ineficiente representa zonas mortas no Golfo do México e muitas áreas costeiras em todo o mundo, além da eutrofização nos ecossistemas de água doce.

Não basta apenas se sentar e esperar que a inovação tecnológica resolva nossos problemas. Temos que ter uma posição muito mais ativista e estratégica. Temos que assegurar que a inovação tecnológica progrida de forma muito mais rápida, e na direção certa, para aqueles que necessitam dela.

De certa forma, já presenciamos isso antes. Quando Paul Ehrlich publicou a “Bomba Populacional”, em 1968, ele escreveu: “A batalha para alimentar toda a humanidade chegou ao fim. Na década de 1970, centenas de milhões de pessoas morrerão de fome, apesar de qualquer plano de emergência iniciado agora.” O conselho era explícito – em países onde o caso estivesse perdido, como a Índia, as pessoas poderiam até mesmo morrer de fome mais cedo e, assim, a ajuda com alimentos para elas seria eliminada para reduzir o crescimento populacional.

O erro de Ehrlich não foi estabelecido. De fato, se todos tivessem atentado ao seu conselho, milhões de pessoas teriam morrido desnecessariamente. Mas, no caso, a desnutrição foi reduzida drasticamente, e a Índia tornou-se autossuficiente em relação aos alimentos graças a Norman Borlaug e sua Revolução Verde.

É importante lembrar que Borlaug também estava tão preocupado com o crescimento populacional quanto Ehrlich. Ele só achou que valeria a pena fazer algo a respeito. Ele era um pragmático porque acreditava em fazer o que era possível, mas também era um idealista porque acreditava que as pessoas em qualquer parte do mundo mereciam ter comida suficiente para se alimentar.

Então, o que Norman Borlaug fez? Ele se voltou para a ciência e para a tecnologia. Os seres humanos são uma espécie que constrói ferramentas – de roupas a arados, a tecnologia é o que basicamente nos distingue dos outros primatas. E muito desse trabalho foi baseado no genoma das principais culturas utilizadas pelo homem – se o trigo, por exemplo, pudesse ser menor, e mais esforço tivesse sido empregado na produção de sementes, então a produção aumentaria e a perda de grãos no armazenamento seria minimizada.

Antes de sua morte, em 2009, Borlaug passou muitos anos fazendo campanhas contra aqueles que, por motivos políticos e ideológicos, se opunham à inovação moderna na agricultura. Para citá-lo: “Se os pessimistas conseguirem interromper a biotecnologia agrícola, eles poderão realmente precipitar a fome e a crise da biodiversidade global que eles vêm prevendo há quase 40 anos.”

E, graças às campanhas supostamente ambientais que foram divulgadas por países ricos, estamos perigosamente próximos a essa posição agora. A biotecnologia não foi interrompida, mas tornou-se proibitivamente cara para todos, menos para as grandes empresas.

O custo atual para aprovar uma cultura pelos sistemas regulatórios em diferentes países é de dezenas de milhões. De fato, os números mais recentes da CropLife indicam um custo de US$ 139 milhões desde a descoberta de um novo evento biotecnológico até sua total comercialização e, sendo assim, a biotecnologia aberta ou advinda do setor público não tem muitas chances.

Há uma triste ironia aqui: aqueles que fazem campanhas contra a biotecnologia reclamam que as culturas GM (geneticamente modificadas) são comercializadas apenas pelas grandes empresas, quando na realidade eles fizeram muito mais do que qualquer outra pessoa para favorecer esse cenário.

Na União Europeia, o sistema está parado e muitas culturas transgênicas estão esperando há uma década ou mais por sua aprovação, mas estão permanentemente suspensas por políticas domésticas tortas de países antibiotecnologia como a França e a Áustria. Em todo o mundo, o atraso regulatório aumentou para mais de 5,5 anos agora, se comparado a 3,7 anos em 2002. O peso burocrático está piorando.

A França, lembrem-se, há tempos se recusa a aceitar a batata por ser uma importação americana. Como um comentarista disse recentemente, a Europa está à beira de se tornar um museu de alimentos. Nós, consumidores bem alimentados, estamos cegos pela nostalgia romântica da agricultura tradicional do passado. Porque temos comida suficiente, podemos satisfazer nossas ilusões estéticas.

Mas, ao mesmo tempo, o crescimento da produção em todo o mundo está estagnado para muitas das principais culturas, como publicado em uma pesquisa de Jonathan Foley e outros no último mês no periódico acadêmico Nature Communications. Se não trouxermos o aumento de produtividade de volta, vamos sim ter problemas em acompanhar o crescimento populacional e a demanda advinda dele, e os preços subirão e mais áreas preservadas serão convertidas para a agricultura.

Citando Norman Boraug novamente: “Eu agora digo que o mundo tem a tecnologia – esteja ela disponível ou em linhas avançadas de pesquisa – para alimentar de forma sustentável uma população de 10 bilhões de pessoas. A questão mais pertinente hoje é se os agricultores e fazendeiros terão a permissão para o uso desta tecnologia. Ao mesmo tempo em que as nações ricas podem adotar posições de baixíssimo risco e pagar mais pelo alimento produzido por meio do chamado método ‘orgânico’, a população de um bilhão de pessoas cronicamente subnutridas e de baixa renda em países com deficiência de alimentos não pode”.

Como Borlaug dizia, talvez o mito mais pernicioso de todos seja aquele que diz que a produção orgânica é melhor para as pessoas e para o meio ambiente. A ideia de que ela é mais saudável já foi refutada repetidamente pela literatura científica. Também sabemos por meio de muitos estudos que os alimentos orgânicos são muito menos produtivos, com produtividades de 40% a 50% menores em termos de área. A ONG Soil Association se superou em um relatório recente sobre a alimentação mundial com orgânicos ao não mencionar esta diferença de produtividade.

Também não mencionou que, no geral, se vocês considerarem os efeitos do deslocamento de terra, os alimentos orgânicos são, da mesma forma, piores para a biodiversidade. Em vez disso, falaram a respeito de um mundo ideal onde as pessoas no ocidente comem menos carne e consomem menos calorias no geral para que as pessoas nos países em desenvolvimento possam tê-las em maior quantidade. Isso é um absurdo simplista.

Se vocês pensarem a respeito, o movimento dos alimentos orgânicos é em essência rejeicionista. Ele não aceita muitas tecnologias modernas por princípio. Como os Amish na Pensilvânia (EUA), que congelaram sua tecnologia na época do cavalo e da carroça de 1850, o movimento orgânico essencialmente congelou sua tecnologia em alguma época na década de 1950, e por nenhuma razão relevante.

Essa ideia nem é aplicada de forma consistente. Eu estava lendo uma revista recente da Soil Association que dizia que é aceitável explodir ervas daninhas com lança-chamas ou fritá-las com correntes elétricas, mas herbicidas benignos como o glifosato ainda são proibidos porque são ‘produtos químicos artificiais’.

Na realidade, não há nenhuma razão que justifique o fato de que evitar o uso de produtos químicos é melhor para o meio ambiente – na realidade, é quase o contrário. Pesquisas recentes feitas por Jesse Ausubel e colegas da Universidade Rockefeller observaram o quanto de terra arável a mais os agricultores indianos teriam que ter cultivado hoje usando as tecnologias de 1961 para atingir a produção geral atual. A resposta é 65 milhões de hectares, uma área equivalente ao tamanho da França.

Na China, agricultores de milho pouparam 120 milhões de hectares, uma área de duas vezes o tamanho da França, graças às tecnologias modernas que estão obtendo rendimentos mais elevados. Em uma escala global, entre 1961 e 2010, a área cultivada aumentou apenas 12%, enquanto a quantidade de quilocalorias por pessoa subiu de 2.200 para 2.800. Assim, mesmo com três bilhões de pessoas a mais, todos ainda tinham mais o que comer, graças a um aumento de 300% na produtividade no mesmo período.

Então, quanto de terra foi poupado no processo em todo o mundo graças a essas drásticas melhorias em produtividade, para as quais os insumos químicos desempenharam um papel crucial? A resposta é 3 bilhões de hectares, ou o equivalente a duas Américas do Sul. Não restaria nenhuma floresta amazônica hoje sem essa melhora na produtividade. Também não haveria nenhum tigre na Índia ou orangotangos na Indonésia. É por isso que eu não sei por que tantos dos que se opõem ao uso da tecnologia na agricultura se auto intitulam ambientalistas.

Então, de onde vem essa oposição? Parece haver uma suposição generalizada de que a tecnologia moderna é igual a mais risco. Na verdade, há muitas maneiras muito naturais e orgânicas para se deparar com doenças e morte prematura, como comprovou o desastre com os brotos de feijão orgânicos da Alemanha em 2011. Aquela foi uma catástrofe de saúde pública, com o mesmo número de mortos e feridos que os causados por Chernobyl, porque o E. coli, provavelmente derivado de estrume animal, infectou as sementes de broto de bambu orgânico importadas do Egito.

No total, 53 pessoas morreram e 3.500 sofreram insuficiência renal grave. E por que esses consumidores escolheram orgânicos? Porque eles achavam que eram mais seguros e saudáveis e estavam com mais medo de riscos inteiramente triviais de pesticidas e fertilizantes químicos altamente regulamentados.

Se você analisar a situação, sem preconceito, grande parte do debate, tanto em termos de antibiotecnologia e orgânicos, é simplesmente baseado na falácia naturalista – a crença de que o natural é bom, e o artificial é ruim. Isso é uma falácia porque há uma abundância de venenos totalmente naturais e que levam à morte, como diriam os familiares daqueles que morreram de envenenamento por E. coli.

Para orgânicos, a falácia naturalista é elevada ao princípio central de orientação para todo um movimento. Isso é irracional e temos o compromisso, com o planeta Terra e com os nossos filhos, de fazer melhor.

Isso não quer dizer que a agricultura orgânica não tem nada a oferecer – há muitas boas técnicas que foram desenvolvidas, tais como o consórcio de culturas, que podem ser ambientalmente muito eficazes, mesmo que tendam a ser altamente trabalhosos. Os princípios da agroecologia, como reciclar nutrientes e promover a diversidade na lavoura, também devem ser considerados mais seriamente em todos os lugares.

Mas o orgânico se coloca no caminho do progresso quando ele se recusa a permitir a inovação. Novamente usando os transgênicos como o exemplo mais óbvio, muitos cultivos transgênicos de terceira geração nos permitem não usar produtos químicos ambientalmente nocivos porque o genoma da cultura em questão foi alterado de modo que a planta pode se proteger de pragas. Por que isso não é orgânico?

O orgânico também se coloca no caminho quando é utilizado para tirar a escolha dos outros. Um dos argumentos mais comuns contra os transgênicos é que os agricultores orgânicos serão “contaminados” com o pólen transgênico, e, portanto, ninguém deve poder usá-lo. Assim, os direitos de uma minoria abastada, que acabam tidas como uma preferência do consumidor com base em estética, triunfam sobre os direitos de todos os outros de usar culturas melhoradas que beneficiam o meio ambiente.

Eu sou a favor de um mundo de diversidade, mas isso significa que um sistema agrícola não pode alegar ter o monopólio da virtude e pretender excluir todas as outras opções. Por que não podemos ter uma coexistência pacífica? Este é especificamente o caso quando ficamos presos às velhas tecnologias que têm riscos inerentes mais elevados do que as novas.

Parece que quase todo mundo tem que reverenciar os “orgânicos”, e questionar essa ortodoxia é impensável. Bem, eu estou aqui para questionar isso hoje.

O maior risco de todos é que não tiramos proveito de todos os tipos de oportunidades de inovação por conta daquilo que é, na realidade, pouco mais do que um preconceito cego. Deixe-me dar dois exemplos, ambos lamentavelmente envolvendo o Greenpeace.

Ano passado, o Greenpeace destruiu uma cultura de trigo transgênico na Austrália, por todas as razões tradicionais, com as quais estou muito familiarizado por eu mesmo ter feito isso. Tratava-se de uma pesquisa financiada pela iniciativa pública, realizada pelo Commonwealth Scientific Research Institute, mas não importa. Eles eram contra porque era transgênico e antinatural.

O que algumas pessoas ouviram desde então é que um dos outros testes que estavam sendo realizados, que os ativistas do Greenpeace com seus cortadores felizmente não conseguiram destruir, acabou detectando um extraordinário aumento de produtividade do trigo de 30%. Pense bem. Esse conhecimento poderia nunca ter sido descoberto se o Greenpeace tivesse conseguido destruir esta inovação. Como sugeriu recentemente o presidente da NFU (National Farmers’Union) Peter Kendall, isso é como queimar livros em uma biblioteca antes que alguém pudesse lê-los.

O segundo exemplo vem da China, onde o Greenpeace conseguiu desencadear um pânico da mídia nacional, alegando que duas dezenas de crianças tinham sido usadas como cobaias humanas em um teste com o arroz dourado transgênico. Eles não deram nenhuma consideração ao fato de que esse arroz é mais saudável e pode salvar milhares de crianças da cegueira causada pela deficiência de vitamina A e de mortes todos os anos.

O que aconteceu foi que os três cientistas chineses citados no comunicado de imprensa do Greenpeace foram publicamente perseguidos e, desde então, perderam seus empregos, e em um país autocrático como a China, eles estão sob risco pessoal grave. Internacionalmente, por conta da regulamentação excessiva, o arroz dourado já está na prateleira há mais de uma década e, graças às atividades de grupos como o Greenpeace, pode nunca se tornar disponível para pessoas com carência de vitaminas.

Isso, a meu ver, é imoral e desumano e priva os necessitados de algo que iria ajudá-los e aos seus filhos por causa das preferências de pessoas ricas, em lugares distantes e que não estão sob risco de deficiência de vitamina A. O Greenpeace é uma multinacional que fatura US$ 100 milhões por ano e, como tal, tem responsabilidades morais, tal como qualquer outra grande empresa.

O fato de o arroz dourado ter sido desenvolvido no setor público e para benefício público não significa nada para os contra. Vejam o caso da instituição Rothamsted Research, cujo diretor Maurice Moloney falará amanhã. Ano passado, a Rothamsted iniciou um teste com um trigo transgênico resistente ao pulgão que não necessita de pesticidas para combater essa grave praga.

Como é transgênico, os contra estavam determinados a destruí-lo. Eles não tiveram sucesso por causa da coragem do professor John Pickett e sua equipe, que foram ao YouTube e aos meios de comunicação contar a importante história de por que suas pesquisas eram importantes e por que não deveriam ser destruídas. Eles reuniram milhares de assinaturas em uma petição enquanto os contra apenas conseguiram algumas centenas, e a tentativa de destruição foi um anti-clímax.

No entanto, um intruso conseguiu escalar a cerca e acabou por se tornar o perfeito estereótipo do manifestante antitransgênico – um velho aristocrata aluno de Eton College, cujo passado colorido faz o nosso Marquês de Blandford em Oxford parecer um modelo de cidadania responsável.

Esse ativista bem-nascido espalhou sementes de trigo orgânico ao redor do local do ensaio, em um ato que foi provavelmente uma declaração simbólica de naturalidade. A equipe do professor Pickett me contou que tiveram uma solução de muito baixa tecnologia para se livrar das sementes – eles passaram com um aspirador portátil sem fio limpando tudo.

Este ano, além de repetir o teste com o trigo, a Rothamsted está trabalhando em uma oleaginosa com ômega 3 que poderia substituir o peixe em alimentos por salmão de cativeiro. Isso ajudaria a reduzir o excesso de pesca, permitindo que matérias-primas baseadas em terra fossem utilizadas na aquicultura. Sim, é um transgênico, então espere que os contra se oponham a isso também, apesar dos óbvios potenciais benefícios ambientais em termos de biodiversidade marinha.

Eu não sei quanto a vocês, mas para mim basta. Portanto, minha conclusão aqui e hoje é muito clara: o debate sobre transgênicos está encerrado. Acabou. Nós não precisamos mais discutir se é ou não seguro – mais de uma década e meia com três trilhões de refeições transgênicas consumidas e nunca houve um único caso comprovado de dano. É mais provável você ser atingido por um asteróide do que ser prejudicado por alimentos transgênicos. Mais ainda, pessoas já morreram por terem escolhido orgânicos, mas ninguém morreu por comer transgênicos.

Da mesma forma como eu agia há 10 anos, o Greenpeace e a Soil Association alegam serem guiados pela ciência de consenso, como as mudanças climáticas. Ainda assim, sobre os transgênicos há um consenso científico sólido, apoiado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, da Royal Society, institutos de saúde e academias de ciências em todo o mundo. No entanto, esta verdade inconveniente é ignorada porque entra em conflito com sua ideologia.

Um último exemplo é a triste história da batata transgênica resistente a fungos.. Ela estava sendo desenvolvida pelo Laboratório Sainsbury e pela Teagasc, uma instituição pública subsidiada na Irlanda – mas o Partido Verde irlandês, cujo líder muitas vezes participa desta mesma conferência, foi tão contra que eles até mesmo moveram um processo judicial contra ele.

Isso a despeito do fato de que a batata resistente a fungos evitaria que os agricultores fizessem 15 aplicações de fungicidas por safra, que a transferência de pólen não é um problema porque as batatas são propagadas por clonagem e que o gene “prejudicial” derivava de um parente selvagem da batata.

Seria uma boa ressonância histórica ter uma batata resistente a fungos desenvolvida na Irlanda, considerando-se que milhões de pessoas morreram de fome devido à falta de batata em meados do século 19. Teria sido uma coisa maravilhosa para a Irlanda ser o país que derrotou a ferrugem. Mas, graças ao Partido Verde irlandês, isso não deve acontecer.

E, infelizmente, os contra têm agora os burocratas do seu lado. O País de Gales e a Escócia são oficialmente livres de OGMs, tendo a superstição medieval como um imperativo estratégico para governos descentralizados supostamente guiados pela ciência.

Infelizmente, o mesmo acontece em grande parte da África e da Ásia. A Índia rejeitou a berinjela Bt, embora ela pudesse reduzir as aplicações de inseticidas nos campos e os resíduos no fruto. O governo da Índia está cada vez mais escravo de ideólogos retrógrados como Vandana Shiva, que idealiza uma aldeia agrícola pré-industrial, a despeito do fato histórico de que foi uma época de fome recorrente e de insegurança estrutural.

Na África, “livre de transgênico” ainda é o lema para muitos governos. O Quênia, por exemplo, chegou a proibir alimentos transgênicos por causa dos supostos “riscos para a saúde”, apesar do fato de que eles podem ajudar a reduzir a desnutrição, que ainda é galopante no país – e a desnutrição é, a propósito, um risco comprovado para a saúde, sem nenhuma evidência adicional necessária. No Quênia, se você desenvolver uma cultura transgênica, que tenha melhor nutrição ou maior produtividade para ajudar os agricultores mais pobres, você irá para a prisão por 10 anos.

Assim, a inovação agrícola urgentemente necessária está sendo estrangulada por uma sufocante avalanche de regulamentos que não se baseiam em qualquer avaliação racional e científica de risco. O risco hoje não é que ninguém será prejudicado por alimentos geneticamente modificados, mas que milhões serão prejudicados por não ter comida suficiente porque uma minoria de pessoas nos países ricos quer que suas refeições sejam o que eles consideram natural.

Espero que agora as coisas estejam mudando. A maravilhosa fundação de Bill e Melinda Gates recentemente doou US$ 10 milhões para o John Innes Centre para começar os trabalhos de integrar os recursos de fixação de nitrogênio em culturas alimentares importantes, a começar com o milho. Sim, Greenpeace, este será transgênico. Aceite isso. Se vamos reduzir o problema em escala global da poluição por nitrogênio, então, ter importantes culturas que fixam seu próprio nitrogênio é um objetivo digno.

Eu sei que é politicamente incorreto dizer tudo isso, mas precisamos de uma dose maior de quebra de mitos e desregulamentação internacionais. Os cientistas de plantas que conheço põem as mãos na cabeça quando eu falo sobre isso com eles porque os governos e tantas pessoas têm o seu senso de risco totalmente errado, e estão excluindo uma tecnologia extremamente necessária.

Norman Borlaug está morto agora, mas eu acho que honramos a sua memória e a sua visão quando nos recusamos a ceder às ortodoxias politicamente corretas quando sabemos que estão incorretas. Muitas coisas estão em jogo. Se continuarmos a fazer isso de maneira errada, as perspectivas de vida de bilhões de pessoas serão prejudicadas.

Então, eu desafio todos vocês hoje a questionar suas crenças nesta área e a verem se resistem a um exame racional. Sempre peçam provas, como recomenda o grupo de campanha Sense About Science, e certifiquem-se de ir além dos relatórios autorreferenciais das ONGs que fazem campanha.

Mas o mais importante de tudo é que os agricultores devem ser livres para escolher que tipo de tecnologias que querem adotar. Se você acha que as maneiras antigas são as melhores, tudo bem. Você tem esse direito.

O que você não tem o direito de fazer é ficar no caminho de outros que esperam e se esforçam por maneiras de fazer as coisas de forma diferente, e com esperança de que sejam melhores. De agricultores que entendem as pressões de uma população crescente e um mundo em aquecimento. Que entendem que a produtividade por hectare é a métrica ambiental mais importante. E que entendem que a tecnologia nunca pára de se desenvolver, e que mesmo a geladeira e a humilde batata já foram novas e assustadoras.

Então, a minha mensagem para o lobby antitransgênicos, das fileiras dos aristocratas britânicos e chefs celebridades até os gourmets americanos e os grupos de camponeses da Índia é esta. Vocês têm direito às suas opiniões. Mas devem saber desde já que elas não são sustentadas pela ciência. Estamos chegando a um ponto de crise, e para o bem das pessoas e do planeta, agora é a hora de você sair do caminho e deixar o resto de nós começarmos a alimentar o mundo de forma sustentável.

Obrigado.

* Mark Lynas é um ambientalista britânico, colunista do jornal The Guardian. É autor dos livros “The God Species: How the Planet Can Survive the Age of Humans”, publicado pela Editora Fourth Estate em julho de 2011, e de duas outras obras sobre mudanças climáticas – “High Tide: News from a warming world” (de 2004) e “Six Degrees: Our future on a hotter planet” (2007). Mark é pesquisador visitante associado da Escola de Geografia e Ambiente da Oxford University (Reino Unido). Ele também mantém o blog http://www.marklynas.org/

























segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Olhar para o próprio umbigo.

Olhar para o próprio umbigo.
 

A ilha de Páscoa descoberta pelo navegador holandês Jacob Roggeveen no domingo de páscoa 1722 chamou sua atenção pelas enormes estatuas de pedra. Chamadas de moais eram testemunhas de uma sociedade em colapso. O próprio Jacob Roggeveen escrevera em seu diário: "A aparência destruída não poderia dar outra impressão além de pobreza e improdutividade singulares"
Colonizada pelos polinésios por volta do ano 1000, o povo Rapanui conheceu o progresso, com plantações de batata doce em solo fértil, florestas com palmeiras de 25m de altura e a sociedade em seu auge com população estimada de até 15 mil habitantes. Ai a coisa começou a dar errado o que os estudiosos afirmam que foi a destruição das florestas o principal motivo da decadência vivida por este povo. As palmeiras sumiram, os solos erodiram e os clãs se consumiram em guerras. A história da ilha de páscoa e seu povo são considerados uma metáfora do futuro da terra. A destruição da natureza e a insustentabilidade.
A colonização no Brasil a partir de 1500 se mostrou da mesma forma. A exploração do pau brasil era rudimentar e predatória. As florestas litorâneas de pau-brasil se estendiam do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, sendo que Pernambuco, Porto Seguro e Cabo Frio eram as regiões de maior concentração do produto. Os índios as cortavam e depositavam no litoral por escambo. Até 1530, o Pau–Brasil foi à única riqueza explorada na nova terra descoberta, sendo inclusive, responsável pela instalação da primeira forma de organização administrativa realizada pelo Governo Português, as chamadas feitorias construções fortificadas para defesa do armazenamento do pau brasil, não havendo assim criação de povoados. 
A quantidade de pau-brasil era tanta num litoral tão vasto que foi alvo de cobiça francesa que se aliava aos índios tupinambás enquanto os portugueses se utilizavam dos Tupiniquins.
A importância econômica do pau brasil foi de tal ordem que a partir de 1511, na Europa, já conhecia a região como terra do Brasil. O pau brasil foi explorado durante três séculos e meio ininterruptos de forma predatória, o que veio a provocar o sua quase total extinção do habitat natural.
No oriente o cedro do Líbano é conhecido por diversas civilizações clássicas e citado 75 vezes na bíblia. A sua madeira, foi bastante utilizada na antiguidade, pelos Fenícios, para construir as suas embarcações militares e comerciais, bem como para a construção de templos e habitação. Papiros antigos comprovam a grande comercialização entre o Líbano e o Egito desta madeira uma vez que no Egito não existem árvores com exceção de palmeiras, assim o cedro do Líbano foi utilizado em larga escala durante séculos na construção do grande império Egípcio. O caso mais famoso de utilização da madeira do cedro do Líbano foi à da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, bem como o Palácio de David. Foi ainda utilizada frequentemente pelos Romanos, Gregos, Assírios e Babilónios.
É o símbolo nacional do Líbano, onde é ostentado na bandeira nacional. Foi praticamente extinto de seu território, o que justificou a implementação de um programa ambiental de recuperação de florestas.
Não só estes três exemplos citados, muitos outros casos de destruição de árvores são conhecidos. Aqui mesmo no Brasil temos o Pau rosa, cedro, peroba, araucária etc.
Voltando a ilha de Pascoa, no meio do pacífico a 3.600Km do continente sul americano um dos pontos mais isolados do planeta o nome dado pelos rapanuis a seu território fazia jus à situação geográfica: Te Pito Henua (algo como "o umbigo do mundo"). Neste caso seria aconselhável olhar para o umbigo do planeta como forma da história não se repetir.
 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014


Endemismo / Extinção


Vários são os locais onde se encontram espécies endêmicas e o risco de perdê-las se torna ainda maior devido ao seu restrito habitat ou sua limitada adaptação a outros locais. As pesquisas nas diversas ilhas do planeta sejam na Oceania, América Central, Pacífico, África ou qualquer outra conta a história de como o homem vem destruindo seu habitat por gerações e exterminando espécies. No livro O Terceiro Chipanzé de Jared Diamond o autor narra o dramático encontro do homem com as espécies que habitavam a ilha de Nova Zelândia. O mais conhecido é o extermínio da ave gigante e herbívora moa, no entanto os fósseis revelam no mínimo mais 18 espécies extintas de aves antes da chegada dos europeus a esta ilha. Dentre as aves havia uma águia colossal de 14 quilos e capaz de voar. Parece coisa de filme de ficção. Esta ave foi a mais poderosa ave de rapina do mundo e fazia parecer um pintinho nossos atuais gaviões e falcões. As demais aves extintas eram pelicanos, cisnes, corvos gigantes entre outras. Outros fósseis de animais endêmicos foram encontrados tais como: sapos, outras aves canoras que não voavam, caramujos gigantes, estranhos morcegos parecidos com camundongos que enrolavam as asas e corriam pelo solo, insetos gigantes parecidos com nossos grilos. O fato de terem evoluído isoladamente criou espécies que não desenvolveram o instinto de defesa pelo homem. Imagina-se que as moas podiam ser abatidas com um pedaço de pau, pois não se assustavam. A chegada dos maoris a ilha levou os moas a extinção, pois mesmo usando machados de pedra, o saque de seus ninhos, a caça a pé durante períodos longos fez com que a população não mais conseguisse refazer seu equilíbrio populacional. Interessante saber ainda que de quebra com a chegada dos maoris vieram os camundongos que exterminaram outras tantas espécies entre elas os grilos gigantes, e aves menores que também evoluíram sem a presença dos ratos e eram indefesos a seu aparecimento.

A revista Pesquisa - FAPESP em sua edição 08/08/2014 apresenta três espécies de aves que já se pode considerar extinta do Brasil. As primeiras notificadas para o século XXI. Muitas outras virão. A semelhança do passado, o homem age da mesma forma e o mundo deixa de ter  três espécies endêmicas do nordeste Brasileiro.

A reportagem completa esta no link.

 http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/08/08/ornitologos-documentam-extincao-de-tres-aves-endemicas-nordeste/

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

PPL um conceito que vale a pena conhecer


PPL um conceito que vale a pena conhecer

 

A nossa fonte de alimentos e de todos os animais é a energia que as plantas verdes colocam em moléculas orgânicas no processo de fotossíntese, menos a energia que elas utilizam para seus próprios processos de sobrevivência. Esta quantidade de energia é conhecida como PPL (Produção Líquida Primária). Segundo Paul R. Ehrlinch, globalmente essa produção é de cerca de 225 bilhões de toneladas métricas anuais, sendo que 60% ficam em terra firme. A humanidade apropria-se diretamente de 3% da PPL global e de 4% da PPL de terra firme. Calcula-se que a PPL utilizada direta e indiretamente pelo homem, considerando a biomassa consumida, restos de lavoura não aproveitada, fogo para abertura de novas áreas, formação de grandes lagos para geração de energia etc. que o homem apropriou-se de 40% da PPL terrestre. Ops! Então isso equivale dizer que consumimos 40% do alimento global para apenas nossa espécie e que a população humana continua em crescimento acelerado. Dobrando a população dobra-se o consumo. A solução de utilizarmos os mares segundo o mesmo autor não se viabiliza, pois esse ambiente também o homem já o explora em seu limite aceitável. É uma situação embaraçosa e lembra a teoria do economista britânico Thomaz Robert Malthus que no século IXX assombrou o mundo ao dizer que a população que possui um crescimento em progressão geométrica com o passar de tempo faltaria alimento que cresce em progressão aritmética e a mesma entraria em extinção. O mesmo Malthus aponta que a solução seria o controle populacional. É uma equação de razoável solução se interagir algumas variáveis. Vejamos: Estabilização populacional X Maior eficiência na produção de alimentos X Prévia seleção de quais alimentos serão aceitáveis ambientalmente, teremos uma situação mais confortável, porém não se iludam isso é o preço da perda da biodiversidade e este é outro perigo iminente de conseqüências também assustadoras. 

Quando o fim é o começo.


Quando o fim é o começo.

 

Estranho entender a extinção e o que isso significa. O homem tem a consciência de que sua sobrevivência por um período maior no planeta depende de salvar também as outras espécies. No entanto para a raça humana a extinção é certa assim como foi para tantas outras espécies que por aqui passaram.  A extinção faz parte da vida e ocorrem todos os dias inexoravelmente. Um dado que chama atenção é que 99,9% das espécies que habitaram o planeta terra já estão extintas. Então porque o alarme esta ligado para humanidade se a extinção das espécies é tão certeira? Temos certeza da morte e também podemos ter certeza da extinção.

Estudos realizados afirmam que o processo de extinção nos dias atuais é 100 vezes mais acelerado que nos períodos anteriores com exceção dos grandes episódios de extinções. A diferença é que nos tempos atuais o homem é o protagonista da aceleração do processo de extinção. A transformação e destruição dos habitas naturais tem levado a extinção de inúmeras espécies ou reduzido de forma significativa à variabilidade genética das populações. Isso equivale dizer que o homem acelerou sua própria destruição e de quebra leva com ele inúmeras espécies. Com um olhar bastante realista nossa existência equivale ao meteoro que caiu há 60 milhões de anos e destruiu os dinossauros ou uma era glacial qualquer que trouxe a destruição de habitas inteiros.  Somos uma espécie destruidora e não sabemos como evitar este processo, pois faz parte da essência humana. É difícil aceitar que o mesmo homem que conquistou a arte e o conhecimento científico seja este assassino cruel do planeta. Não há a menor esperança e ainda numa visão catastrófica, porque deveríamos nos salvar se extinguir faz parte do processo evolucionário? A vida é apenas parte da existência cósmica. Alguns acreditam que a salvação está no espírito, outros acreditam que o conhecimento científico é a solução. Objetivamente a extinção de qualquer espécie é certa e não há para onde ir, seja ela acelerada ou lenta marcada em eras. O futuro nós já conhecemos!

O Homem broca.


O Homem broca.

 

Um colega de trabalho num dia destes disse ser contra as operações de uma determinada mineradora e que em sua avaliação grande parte das mineradoras trazia um prejuízo ambiental irreversível. É verdade que a exploração de minérios é um problema ambiental sério. Controle de poeira tóxica, drenagem ácida, lançamento de resíduos, barragem de rejeitos, pilha de estéril, perda de biodiversidade são alguns dos diversos impactos que devem ter controle rígido. Ainda no entusiasmo do assunto ele se mostrou a favor de fechar grande parte delas.

Ser minerador faz parte da natureza humana já na idade da pedra o homem lascava o quartzo para fazer as pontas de suas flechas e lanças. Os sítios arqueológicos mostram locais de exploração do minério e locais das oficinas. Daí a coisa só evoluiu, argila para vasos e cerâmicas, areia e calcário para argamassas, ferro para ferramentas e muitos mais minérios se tornaram essenciais.

Nos dias de hoje é impossível pensar em um só produto que não tenha algum minério em sua cadeia de produção. Tomemos como exemplo a produção da alface orgânica: Com toda certeza seu cultivo necessitou de uma enxada, ou arado ou algum instrumento metálico qualquer, a irrigação deve ter sido realizada com algum tubo plástico originado do petróleo. Sendo orgânica não houve adubação química, mas o esterco veio de um animal que necessitou de sal na sua alimentação. Enfim em todos os produtos que pensei consegui achar um minério em sua cadeia de produção. Seria impossível viver sem os minérios, somos dependentes deles assim como somos dependentes dos vegetais e outros animais para sobreviver. Já imaginaram a crise de alimentos se o cloreto de potássio, os adubos fosfatados, os nitrogenados, o enxofre, o cálcio, e demais micro elementos faltarem? Fome! Alimentamos-nos indiretamente deles e precisam ser minerados. Somos como toupeiras que perfuram o solo atrás do alimento. Abriremos mão dos computadores, geladeiras, carro para não mais minerar? A humanidade já pensa em minerar a lua e grande parte dos filmes de ficção científica mostra minas em outros planetas. Não considero a mineração um mal necessário, considero um bem precioso e vital para humanidade.  O desafio está lançado qual produto não há em sua cadeia de produção um minério? Assim a razão precisa ser aceita para não ficarmos apenas na poesia do paraíso sem mineração.

Número das espécies conterrâneas


Número das espécies conterrâneas

 
Em minha opinião algumas informações servem ao inverso do que se propõem. Um exemplo que considero clássico: Quantas espécies existem em nosso planeta? Sejam estas mamíferos, insetos, plantas ou organismos unicelulares.

Desde quando eu era estudante que o número variava entre 5 a 30 milhões. E a explicação de 25 anos atrás continua a mesma de hoje: Que a biodiversidade é enorme, que ainda não conhecemos tudo e que temos muito a descobrir.

Com as coletas e amostragens realizadas no dossel das florestas tropicais, nos solos, e também no mar e aplicados aos modelos matemáticos temos novamente a variação de 5 a 30 milhões de espécies habitantes do planeta. Sempre que leio a respeito e encontro este número me pergunto, mas não é uma diferença muito grande? Falamos de uma diferença de seis vezes mais e em escala de milhares. É difícil entender o significado disso. Será que os modelos não estariam mal elaborados? Este número só aumenta a incerteza. Como falar de biodiversidade com números tão dispares? Considero que um número assim não deveria ser divulgado como base científica pela incerteza que ele trás. Se a biogeografia desenvolve modelos que trazem mais dúvidas que certezas o melhor seria trabalharmos com o que temos de fato. E o que temos de fato? O número que temos segundo E. O Wilson são de 1.392.485 espécies de todos os reinos e suas subdivisões principais. Observem que 1,38 milhão de espécies comprovadas é 3,6 vezes menor do que a menor estimativa supostamente de 5,0 milhões. E se os cálculos estimados forem mesmo na ordem de 30 milhões, então a diferença são incríveis 21,73 vezes, o que vale dizer que temos 21 vezes mais espécies no planeta do que conhecemos. Ora convenhamos estes números não estão corretos. É certo que ainda há um número admirável de espécies para serem conhecidas pelo homem, mas nada tão vultoso de 21 vezes mais.

Minha proposta é de que modelos assim não tenham credibilidade científica e que a retórica seja de salvar os habitas pensando no que conhecemos deles e não fazer alarde com o que supostamente existe. Um habitat protegido trará segurança de perpetuação das espécies conhecida e das que iremos conhecer no futuro sem fazermos conjecturas e terrorismo ambiental. Salvar o que existe salvará também o incerto.