segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Olhar para o próprio umbigo.

Olhar para o próprio umbigo.
 

A ilha de Páscoa descoberta pelo navegador holandês Jacob Roggeveen no domingo de páscoa 1722 chamou sua atenção pelas enormes estatuas de pedra. Chamadas de moais eram testemunhas de uma sociedade em colapso. O próprio Jacob Roggeveen escrevera em seu diário: "A aparência destruída não poderia dar outra impressão além de pobreza e improdutividade singulares"
Colonizada pelos polinésios por volta do ano 1000, o povo Rapanui conheceu o progresso, com plantações de batata doce em solo fértil, florestas com palmeiras de 25m de altura e a sociedade em seu auge com população estimada de até 15 mil habitantes. Ai a coisa começou a dar errado o que os estudiosos afirmam que foi a destruição das florestas o principal motivo da decadência vivida por este povo. As palmeiras sumiram, os solos erodiram e os clãs se consumiram em guerras. A história da ilha de páscoa e seu povo são considerados uma metáfora do futuro da terra. A destruição da natureza e a insustentabilidade.
A colonização no Brasil a partir de 1500 se mostrou da mesma forma. A exploração do pau brasil era rudimentar e predatória. As florestas litorâneas de pau-brasil se estendiam do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, sendo que Pernambuco, Porto Seguro e Cabo Frio eram as regiões de maior concentração do produto. Os índios as cortavam e depositavam no litoral por escambo. Até 1530, o Pau–Brasil foi à única riqueza explorada na nova terra descoberta, sendo inclusive, responsável pela instalação da primeira forma de organização administrativa realizada pelo Governo Português, as chamadas feitorias construções fortificadas para defesa do armazenamento do pau brasil, não havendo assim criação de povoados. 
A quantidade de pau-brasil era tanta num litoral tão vasto que foi alvo de cobiça francesa que se aliava aos índios tupinambás enquanto os portugueses se utilizavam dos Tupiniquins.
A importância econômica do pau brasil foi de tal ordem que a partir de 1511, na Europa, já conhecia a região como terra do Brasil. O pau brasil foi explorado durante três séculos e meio ininterruptos de forma predatória, o que veio a provocar o sua quase total extinção do habitat natural.
No oriente o cedro do Líbano é conhecido por diversas civilizações clássicas e citado 75 vezes na bíblia. A sua madeira, foi bastante utilizada na antiguidade, pelos Fenícios, para construir as suas embarcações militares e comerciais, bem como para a construção de templos e habitação. Papiros antigos comprovam a grande comercialização entre o Líbano e o Egito desta madeira uma vez que no Egito não existem árvores com exceção de palmeiras, assim o cedro do Líbano foi utilizado em larga escala durante séculos na construção do grande império Egípcio. O caso mais famoso de utilização da madeira do cedro do Líbano foi à da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, bem como o Palácio de David. Foi ainda utilizada frequentemente pelos Romanos, Gregos, Assírios e Babilónios.
É o símbolo nacional do Líbano, onde é ostentado na bandeira nacional. Foi praticamente extinto de seu território, o que justificou a implementação de um programa ambiental de recuperação de florestas.
Não só estes três exemplos citados, muitos outros casos de destruição de árvores são conhecidos. Aqui mesmo no Brasil temos o Pau rosa, cedro, peroba, araucária etc.
Voltando a ilha de Pascoa, no meio do pacífico a 3.600Km do continente sul americano um dos pontos mais isolados do planeta o nome dado pelos rapanuis a seu território fazia jus à situação geográfica: Te Pito Henua (algo como "o umbigo do mundo"). Neste caso seria aconselhável olhar para o umbigo do planeta como forma da história não se repetir.
 

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