RATOEIRA VIVA
Biólogos que estudam marsupiais e
roedores podem recrutar assistentes de campo inusitados: corujas. Altamente
qualificada é a suindara (Tyto furcata), caçadora exímia de pequenos mamíferos (a
ponto de ser apelidada de “ratoeira que voa”) que existe em praticamente todo o
Brasil. São auxiliares eficazes porque, como outras corujas, comem as presas
inteiras e depois regurgitam ossos e pelos numa bolota seca. Um grupo da
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coordenado pelo biólogo Yuri
Leite, analisou o DNA extraído de regurgitados de suindara encontrados no sul
do Pará, na fronteira com Mato Grosso e Tocantins, às margens do rio Araguaia –
uma região de transição entre Cerrado e Amazônia (Systematics and Biodiversity,
maio).

O material foi coletado durante o
doutorado da bióloga portuguesa Rita Rocha, orientado por Carlos Fonseca, da
Universidade de Aveiro, e Leonora Costa, da Ufes. O material genético derivado
das ossadas revelou 11 espécies de mamíferos, dos quais dois eram marsupiais
novos para aquela área – até então conhecidos apenas no norte da Amazônia.
Alguns dos roedores consumidos pela coruja podem pertencer a espécies
desconhecidas. Diante da eficácia das aves, os pesquisadores sugerem que
zoólogos sempre coletem regurgitados, um procedimento simples e que não requer
cuidados especiais de armazenamento.
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